Depois de uma conversa informal com alguns
amigos, dei comigo a pensar em como em relação a um qualquer assunto podem ser
diferentes as maneiras de pensar das pessoas. Sem qualquer intenção de julgamento
final pois não estarei dentro de todas as premissas… vou referir-me apenas a
estes dois factos:
Primeiro: Salvo erro por volta de 2007 foi
efectuado o arrendamento das instalações onde funciona agora o Tribunal de
Varas de Guimarães e que, segundo o NG da semana passada, poderá ter sido um
“negócio” bastante esquisito pois, para além da renda anual acordada ter sido
excepcionalmente elevada (mais de 35.000 euros mensais) - o que originou na
altura fortes protestos da vereação da bancada da oposição - o contrato foi
celebrado com uma empresa representada por uma familiar dum conhecido militante
de topo do PS e fundador da JS de Ourém e que na altura nem sequer era ainda
proprietária do edifício. Essa empresa beneficiou de um empréstimo do agora
famoso BPN para a sua aquisição, dando como garantia precisamente a promessa
desse arrendamento! Se pensarmos que pela pasta da Justiça foram responsáveis
Alberto Costa e depois Alberto
Martins (natural de Guimarães) e que depois de alertados para
as irregularidades do negócio e excesso de valor… nada puderam fazer, chegamos
à conclusão de que algo estará mal! Acrescente-se que o empréstimo foi de cerca
de quatro milhões de euros e o edifício terá custado menos de dois milhões.
Segundo: Nos últimos dias tem sido notícia o
facto de um ex-membro da Policia Judiciária e que foi eleito para a direcção do
Sporting Clube de Portugal, donde aliás já se demitiu, ter sido indiciado e
notificado pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa pela prática de alguns
“ilícitos” como agora se diz… de desvio de fundos, peculato, participação
económica em negócio fraudulento, negócios com árbitros e jogadores, burla
qualificada e fraude fiscal, tudo numa embrulhada que origina desconfiança
geral e, pelos vistos, também das próprias entidades judiciárias.
Eu penso que a generalidade das pessoas que
tomam conhecimento destes casos e de outros idênticos ficam surpreendidas e até
revoltadas com atitudes menos dignas e sérias e que causam danos ao erário
público, como terá sido o caso do BPN e das exageradas rendas suportadas. Mais
revolta causa o facto de serem muito frequentes episódios deste género donde
saem sempre a ganhar uns tantos espertalhões e que ou são sempre os mesmos ou
estão sempre interligados por elos partidários, familiares, ou até de
sociedades mais ou menos secretas… Até nem nos surpreendemos quando nesses imbróglios
surgem nomes sonantes da praça, muito badalados na comunicação social, da
política ao desporto, dos negócios às autarquias! Mas tudo passa e tudo se
esquece em pouco tempo.
Mas - e aqui volto ao princípio – o que me
admirou nessa conversa foi o facto de eu ter ficado com a opinião de que foram
várias as pessoas presentes que acharam isso quase “normal” pois a corrupção
até será desculpável numa situação como aquela que por cá se vive, uma situação
quase generalizada onde “os espertos é que se safam”!
Será mesmo assim? Terá de ser mesmo assim? E
então a honestidade, a seriedade, a dignidade e a honra, onde ficam?