terça-feira, 19 de junho de 2012

Comportamentos

           Depois de uma conversa informal com alguns amigos, dei comigo a pensar em como em relação a um qualquer assunto podem ser diferentes as maneiras de pensar das pessoas. Sem qualquer intenção de julgamento final pois não estarei dentro de todas as premissas… vou referir-me apenas a estes dois factos:
Primeiro: Salvo erro por volta de 2007 foi efectuado o arrendamento das instalações onde funciona agora o Tribunal de Varas de Guimarães e que, segundo o NG da semana passada, poderá ter sido um “negócio” bastante esquisito pois, para além da renda anual acordada ter sido excepcionalmente elevada (mais de 35.000 euros mensais) - o que originou na altura fortes protestos da vereação da bancada da oposição - o contrato foi celebrado com uma empresa representada por uma familiar dum conhecido militante de topo do PS e fundador da JS de Ourém e que na altura nem sequer era ainda proprietária do edifício. Essa empresa beneficiou de um empréstimo do agora famoso BPN para a sua aquisição, dando como garantia precisamente a promessa desse arrendamento! Se pensarmos que pela pasta da Justiça foram responsáveis Alberto Costa e depois Alberto Martins (natural de Guimarães) e que depois de alertados para as irregularidades do negócio e excesso de valor… nada puderam fazer, chegamos à conclusão de que algo estará mal! Acrescente-se que o empréstimo foi de cerca de quatro milhões de euros e o edifício terá custado menos de dois milhões.
Segundo: Nos últimos dias tem sido notícia o facto de um ex-membro da Policia Judiciária e que foi eleito para a direcção do Sporting Clube de Portugal, donde aliás já se demitiu, ter sido indiciado e notificado pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa pela prática de alguns “ilícitos” como agora se diz… de desvio de fundos, peculato, participação económica em negócio fraudulento, negócios com árbitros e jogadores, burla qualificada e fraude fiscal, tudo numa embrulhada que origina desconfiança geral e, pelos vistos, também das próprias entidades judiciárias.
Eu penso que a generalidade das pessoas que tomam conhecimento destes casos e de outros idênticos ficam surpreendidas e até revoltadas com atitudes menos dignas e sérias e que causam danos ao erário público, como terá sido o caso do BPN e das exageradas rendas suportadas. Mais revolta causa o facto de serem muito frequentes episódios deste género donde saem sempre a ganhar uns tantos espertalhões e que ou são sempre os mesmos ou estão sempre interligados por elos partidários, familiares, ou até de sociedades mais ou menos secretas… Até nem nos surpreendemos quando nesses imbróglios surgem nomes sonantes da praça, muito badalados na comunicação social, da política ao desporto, dos negócios às autarquias! Mas tudo passa e tudo se esquece em pouco tempo.
Mas - e aqui volto ao princípio – o que me admirou nessa conversa foi o facto de eu ter ficado com a opinião de que foram várias as pessoas presentes que acharam isso quase “normal” pois a corrupção até será desculpável numa situação como aquela que por cá se vive, uma situação quase generalizada onde “os espertos é que se safam”!
Será mesmo assim? Terá de ser mesmo assim? E então a honestidade, a seriedade, a dignidade e a honra, onde ficam?