sábado, 16 de fevereiro de 2013

EM PONTE DO LIMA



      O tempo estava bom, atravessamos a Ponte Romana – como dois namorados, bem-dispostos, de mão dada – e fomos visitar o Museu do Brinquedo Português, instalado num edifício restaurado e muito bem cuidado, junto ao Parque do Arnado. Começou por ser uma colecção particular que foi aumentando dia-a-dia com aquisições e trocas com outros colecionadores e agora, com mais de 2.000 brinquedos, tornou-se uma verdadeira atracção turística da vila, com o patrocínio da Câmara Municipal. A visita inicia-se com a apresentação de um pequeno filme com a história da criação do próprio museu e continua depois com a visita por dois pisos e várias salas, com os brinquedos dos mais diversos feitios e tamanhos, desde os mais antigos em zinco, cartão, madeira, plástico e outros materiais até aos mais recentes, quase sempre identificando as suas origens de fabrico, pelo que tivemos até a oportunidade de ver brinquedos fabricados aqui em Guimarães na “Pátria” e na “Ribeirinho”, fábricas que já não existem...
      Foi uma visita interessante e reparei na alegria das muitas crianças que por lá passeavam com os pais ou outros familiares. E foi então que tive uma sensação de uma certa melancolia, quase tristeza… Foram vários os adultos que vi referirem-se com agrado e curiosidade a determinados brinquedos “olha um carrinho igual a um que tive”, “olha os jogos da Majora”, “aqueles soldadinhos eram como os meus”, “aquela pistola”, “aquele bombo”, “aquele triciclo…” e tantas outras lembranças… E eu? Por muito esforço que queira fazer, por muito que tente, chego quase sempre à conclusão que nada me faz recordar com rigor a minha infância, sinto um grande vazio nas minhas recordações, não me recordo ao certo dos brinquedos, dos lugares, até dos amigos… Um brinquedo que tenha sido especial ou muito querido… Nada.
      Já por mais que uma vez esta questão me tem passado pela cabeça e recordo que quando escrevi o “Folhas do meu álbum” me referia quase sempre e só às pessoas de família ou outras conhecidas, mas muito pouco registei de factos ou “aventuras” infantis. E brinquedos? E brincadeiras? Um pião, um carrinho de rolamentos, uma bola, o jogo do botão? E amigos a valer? Um ou outro nome ali metido quase à força, sem grandes pormenores, porque efectivamente a minha infância ter-me-á passado muito depressa e distante... Ao certo, ao certo, só me lembro dos santinhos, dos selos, dos sinos da Igreja do Calvário e pouco mais.
      Talvez porque saí cedo de Penafiel, para o seminário, talvez porque os meus irmãos tinham idades um pouco mais avançadas e tinham outras companhias, talvez porque sempre tive um feitio muito introvertido, talvez porque as dificuldades financeiras da época e da minha família me “afastaram” de outros convívios, talvez… talvez… talvez…
      Que importa agora pensar nisso?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

INSIGNIFICÂNCIA





 
Quando às vezes releio um texto
ou um “poema” meu, escrito há meses ou anos,
fico efectivamente com a noção da sua pouca valia,
apesar de na altura da sua produção
eu ter sentido um certo agrado.
  Mas entretanto a euforia do momento passou,
pelos meus olhos
  foram passando obras diversas de diversos autores,
o sentido crítico foi-se apurando
e… meu Deus!
como é grande a minha insignificância!