domingo, 4 de dezembro de 2011

Alvoroço

A sala em que estou e onde vivo é grande e tem muita luz
que entra pelas janelas envidraçadas
e pelas portas, que estão abertas.
Suavemente...
Há grandes multidões à minha volta que não conheço
e há outras multidões pequenas que conheço.
Há também um amigo, a meu lado, calado, sorridente…
Há talvez até mais alguns amigos, e até inimigos.
Evidentemente…
Há outras salas, mas escuras, confusas, também com entradas
sem guardas (parece…), gratuitas, convidativas, enfeitadas,
pessoas que entram na fila, saltam na fila, atropelam e passam à frente
e mais tarde saem aos empurrões, todas contentes
com a vitória, sua glória, provocatória…
Tristemente…
Muitas corridas, desassossego que não me seduz…
E fecho os olhos, não quero ver o frenesim dessas pessoas alvoraçadas
que não olham o céu, nem as estrelas, nem quem está com elas!
Por vezes sopra o vento ou até chove lá fora
e todos comentam que está a chover…
Obviamente!
Há música no ar, melodias e cantigas p’ra cantar
e ninguém canta, nunca canta, nem agora
que o sol está a brilhar!
Não é este ambiente que me atrai, não gosto.
Mas não fui eu que vim, alguém me trouxe, eu só nasci
mas não cresci.
Quando eu sair ninguém vai notar.
Naturalmente…