sexta-feira, 9 de março de 2012

Wim Mertens

     Assisti a mais um concerto no CCVF para o qual já tinha comprado bilhetes há muito tempo: Fundação Orquestra Estúdio com o Wim Mertens, compositor e pianista belga muito reconhecido internacionalmente e que aqui veio apresentar um conjunto de composições feitas por encomenda para a CEC.
     As expectativas não saíram de modo algum goradas, antes pelo contrário foram superadas – pelo menos para mim, que não conhecia muito bem o autor nem como intérprete nem como compositor.
     Com a sala completa (bilhetes esgotados há muitos dias) esta estreia mundial de cerca de uma dúzia de composições e outras do seu reportório em estilos e sons diversos surpreendeu-me em absoluto. Logo no início surgiu um trecho apenas em percussão mas com um ritmo e intensidade impressionantes que logo cativou a assistência.
     Seguiram-se diversos temas com a orquestra e piano (e até canto, pelo autor – embora a sua voz aguda não seja nada de especial mas, de qualquer modo muito “quente e abafada”) com um aproveitamento excepcional dos ritmos, das batidas sincopadas, das variações bruscas em ritmos e tempos, passagens rápidas de pianos para fortes, com crescendos formidáveis e arrebatadores.
     Assinalei algumas situações que me fizeram entender por que razão o programa falava em “música descontinuada”: situações em que a “métrica” de um naipe musical parecia não coincidir com outro naipe! Aliás houve diálogos formidáveis entre as cordas e os metais, por exemplo, sempre com o piano a intervir com vigor ou suavemente, melodicamente ou quase em dissonância. De assinalar também várias interpretações a solo de harpa, de percussão, contrabaixo, trompete e trombone, para além do piano… naturalmente!
     Memorável!