sexta-feira, 22 de abril de 2011

António Barreto

           É um prazer imenso ter a possibilidade de ouvir de vez em quando as palavras de alguém que de um modo directo, simples, conhecedor, sábio até, consegue expor aquilo que nós próprios sentimos mas não sabemos explicar.
Quem teve o privilégio de ontem escutar na RTP 1 no programa “Portugal e o Futuro” a entrevista ao Dr. António Barreto deve ter ficado surpreendido – tal como a entrevistadora – em como passaram depressa aqueles minutos plenos de lucidez e clarividência. Em palavras simples, que todos nós conhecemos, sem números que a todos confundem ou frases ocas que os políticos tanto usam, o conhecido sociólogo brindou-nos com uma lição de seriedade e lucidez que os nossos governantes deviam escutar e estudar profundamente.
Nós sentimos a crise e os seus efeitos, nós estamos descontentes e olhamos o futuro com grande apreensão, mas não sabíamos ao certo como foi possível chegar a uma situação tão preocupante. Ouvimos o governo ou a oposição, a direita ou a esquerda, (não ouvimos o Presidente da República e devíamos ouvir…) e ficamos confusos com a situação sem saber ao certo o que se passa e o que se irá passar…
Cada um de nós vai encontrando aqui e ali uma razão, um e outro culpado, mas no final ficamos sempre baralhados com o que se passa à nossa volta, pois não sabemos analisar metodicamente os factos nem apontar caminhos.
O Dr. António Barreto abriu-me a mente, com palavras simples – repito – mas com muito realismo, indicando razões e culpados, métodos seguidos e que devem ser corrigidos, objectivos a ter e como obtê-los.
Se temos em Portugal uma mente tão clarividente como o Dr. António Barreto, eu quero crer que outras haverá e que será possível inverter a situação perigosa em que nos encontramos. Será apenas necessário afastar tantos governantes, políticos e outros dirigentes incapazes e mal-formados e conseguir o apoio de personalidades com os conhecimentos, formação e equilíbrio do Dr. António Barreto.
Eu quero acreditar.
                  


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Poeta sonhador...

         Em tempos fui poeta sonhador
         Mil versos arrebatado escrevi
         que depois lia só, quase em segredo.
Dei asas à minha sede de amor
em quadras e sonetos que escondi
com receio de os perder, tinha medo.
          
As musas suavemente me inspiravam,
avancei pouco, sempre devagar
temendo o fim da inspiração e a dor,
a mágoa que essas perdas provocavam.
Cantei o azul do céu, a terra, o mar
e a paixão também com muito ardor.

Do fogo a chama e da brisa o ar,
até o sol, a lua e as estrelas,
amores, sempre o amor imortal
entusiasmado eu tentei cantar.
Cuidadas quadras que julgava belas
beleza que a meu ver não tinha igual…
        
Passou rapidamente a juventude,                              
a ilusão de tudo ser beleza,                            
o sonho da conquista que se busca
sem se medir a sua amplitude.
Mas ficou no coração a certeza
que o sonho, se é sonho, nada o ofusca.
                                                                          
Velhos arquivos busquei e abri
velhos poemas, só velhos no tempo,
que o tempo passado nada mudou
nesses poemas que agora reli
em jeito de gozo, de passatempo
lindo, que muitas saudades matou.

As musas entretanto me deixaram
(ausência triste que eu sinto agora)
pois já não sou capaz de entrelaçar
os verbos e palavras que sobraram
dos doces devaneios que outrora
minh’alma não parava de sonhar.

Talvez mais tarde, outro dia, talvez
possa voltar a pensar escrever
em certinhas rimas, belas, formais.
É como quem cai e tenta outra vez
a alma e o corpo voltar a erguer…
E talvez então me surja algo mais!