quinta-feira, 7 de abril de 2011

Poeta sonhador...

         Em tempos fui poeta sonhador
         Mil versos arrebatado escrevi
         que depois lia só, quase em segredo.
Dei asas à minha sede de amor
em quadras e sonetos que escondi
com receio de os perder, tinha medo.
          
As musas suavemente me inspiravam,
avancei pouco, sempre devagar
temendo o fim da inspiração e a dor,
a mágoa que essas perdas provocavam.
Cantei o azul do céu, a terra, o mar
e a paixão também com muito ardor.

Do fogo a chama e da brisa o ar,
até o sol, a lua e as estrelas,
amores, sempre o amor imortal
entusiasmado eu tentei cantar.
Cuidadas quadras que julgava belas
beleza que a meu ver não tinha igual…
        
Passou rapidamente a juventude,                              
a ilusão de tudo ser beleza,                            
o sonho da conquista que se busca
sem se medir a sua amplitude.
Mas ficou no coração a certeza
que o sonho, se é sonho, nada o ofusca.
                                                                          
Velhos arquivos busquei e abri
velhos poemas, só velhos no tempo,
que o tempo passado nada mudou
nesses poemas que agora reli
em jeito de gozo, de passatempo
lindo, que muitas saudades matou.

As musas entretanto me deixaram
(ausência triste que eu sinto agora)
pois já não sou capaz de entrelaçar
os verbos e palavras que sobraram
dos doces devaneios que outrora
minh’alma não parava de sonhar.

Talvez mais tarde, outro dia, talvez
possa voltar a pensar escrever
em certinhas rimas, belas, formais.
É como quem cai e tenta outra vez
a alma e o corpo voltar a erguer…
E talvez então me surja algo mais!

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