quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Facebook


Tem havido grande alarido com a situação política do país, face ao generalizado descontentamento da população com as várias medidas tomadas pelo governo, com vista ao controlo do deficit e conforme as obrigações assumidas perante os organismos internacionais que efectuaram o empréstimo a Portugal. Já se realizaram algumas manifestações públicas, algumas com muita adesão e muitos milhares de manifestantes. Foi convocada uma reunião do Conselho de Estado que já se realizou e até uma enorme manifestação junto às instalações da Presidência da República onde se registaram alguns incidentes, mas de pouca monta.
O que eu noto, nas manifestações de rua, nas arruaças quase diárias em qualquer local onde tenha que se deslocar qualquer membro do governo, nos comentários dos jornais e nas reportagens televisivas, é um exagero nos termos usados quer na linguagem quer nos gestos e atitudes, todos gritando e soltando insultos a este e àquele, como se houvesse um caminho muito diferente a percorrer que não fosse o combate ao desperdício, a poupança e a tentativa de remediar tantas asneiras feitas em tempos passados, não muito longínquos. Quase todos os dias surgem notícias de factos e decisões tomadas anteriormente e que agora se tornam quase impossíveis de suportar, e todas as recriminações estão a cair sobre os dirigentes actuais como se fossem eles os culpados de tudo.
Até no facebook que agora visito regularmente (não sei se me virei a arrepender…) aparecem frases e até insultos que, a meu ver, são injustos ou descabidos, mas tudo parece uma bola de neve que, com uma palavra daqui e outra dali, uma piada deste e outra daquele, um insulto “engraçado” que se torna “moda” e outras situações… tudo vai engrossando não sei até que ponto e onde parará, se é que vem a parar.
Por outro lado já não é novidade para ninguém que este movimento das chamadas redes sociais é uma força quase incontrolável, pois o que começa por ser uma brincadeira ou por vezes apenas uma provocação pode autodesenvolver-se e originar um movimento de consequências enormes. É muito fácil ter acesso a estas redes, escrever uma frase ou até “atirar uma pedra”, ninguém controla se é verdade ou mentira e a “mensagem” espalha-se velozmente. Tudo isto vai sucedendo também porque há muita gente a dar razão aos insatisfeitos: muita asneira se tem feito, muito desperdício ocorre, muita corrupção existe, muita incompetência tem sido premiada e muita injustiça tem sido praticada. E a justiça, onde está? E os valores morais por que se perderam?
Não se podem tratar os assuntos sem insultar? Não se podem dar opiniões, mesmo diferentes, sem recorrer a impropérios?

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