quarta-feira, 10 de abril de 2013

TALVEZ . . .


      Olhou para o relógio e teve um sobressalto, pois já passava das dez horas, quando normalmente por volta das sete já estava de olhos abertos, esperando o início do barulho caseiro ou do trânsito na rua para então se levantar. Mais precisamente eram dez horas e treze minutos. Estava sozinho, pois não sentia a mulher a seu lado, embora a cama ainda estivesse um pouco quente. Mas a persiana da janela estava ainda quase completamente corrida, deixando apenas entrar uma réstia de luz por entre as duas ou três primeiras tiras de plástico. Aliás tinha que mandar reparar aquela persiana que custava a correr ao fechar ou abrir, fazendo um barulho incomodativo e ficando muitas vezes presa e não deslizava como devia ser, o que lhe desagradava, pois gostava de dormir com tudo às escuras, ou antes, com quase tudo às escuras pois tinha o hábito de ficar a olhar para os números luminosos do despertador, até altas horas da madrugada. Quatro algarismos dispostos horizontalmente e separados por dois pontos que piscavam a cada segundo. Era rara a noite em que não via a capicua: 01:10! Números vermelhos, grandes, que reflectiam no tecto e nas paredes uma pequena luminosidade ténue mas embaladora, ajudando-o a reflectir e a adormecer… Aliás achava curioso que a luz do despertador não o incomodasse, o mesmo não acontecendo com o sinal verde de presença do televisor, um sinal muito mais pequeno mas que lhe surgia mais forte, incomodativo e o para o qual evitava olhar. Seria por ser verde? Será que o verde é mais excitante que o vermelho ou este é por si mesmo mais embalador? Haverá alguma justificação química ou física para a diferença de sensações que uma ou outra cor podem transmitir? Curioso que nos semáforos o verde é para avançar e é com o vermelho que se deve parar… É como se o verde fosse o símbolo da vida e da esperança (está verde, avança…) e o vermelho fosse o símbolo do amor e do sacrifício (está vermelho, tem paciência e aguenta aí…)! Mais tarde gostaria de se debruçar um pouco mais sobre este assunto das cores que pelos vistos parece terem todas e cada uma delas o seu próprio significado ou simbologia. Mas então teria muito que aprender: vermelho, laranja amarelo, verde, azul, anil e violeta – tantas são as cores do arco íris! Aliás aquela cor (anil) é um pouco esquisita e distingue-se mal entre o azul e o violeta… Quando estudava música, lembra-se de lhe terem dito que em tempos houve um físico inglês (Isaac Newton) que com as suas experiências descobriu esta “nova” cor e a referenciou para que fossem sete como sete são as notas musicais e os dias da semana e (na altura) os planetas.
      Tinha acordado tarde, com dores em todo o corpo e pensou que precisava urgentemente de um banho retemperador que lhe massajasse os músculos e refrescasse os pensamentos… Depois ao sair para a rua talvez encontrasse alguém conhecido com quem pudesse conversar um pouco, pois já há alguns dias que andava assim calado, casmurro, neura, cabisbaixo e contrariado com tudo e com todos, como se o mundo tivesse desabado sobre ele ou aguardasse alguma desgraça…
      Talvez…

sexta-feira, 5 de abril de 2013

MÚSICA MAESTRO


Fiz há pouco um interregno neste descanso caseiro para ir ver na televisão o programa que a RTP 1 transmite às quintas-feiras com o título “Música Maestro” com o conhecido maestro Rui Massena que esteve aqui em Guimarães, durante o ano passado e que vi orientar diversos espectáculos musicais da CEC 2012. É um programa bastante interessante, leve, alegre, descontraído… e debruça-se  semanalmente sobre um compositor diferente  (já vi os programas sobre Beethoven, Mozart e hoje falou-se e ouviu-se Rachmaninoff), e são filmados em cidades diferentes (Coimbra, Aveiro e Leiria) utilizando instituições musicais locais, em ambientes diversos como conservatórios, academias, bibliotecas, jardins, ruas e largos e com músicos ou grupos locais, novos e menos novos, tudo numa animação muito curiosa e interessante que prende a atenção e ensina muita coisa “a brincar”, estimulando o gosto pela música. Termina sempre com uns flashs divertidos ocorridos durante as filmagens. A não perder.