domingo, 21 de setembro de 2014

Bolas de sabão...


Ao regressar a casa agora à tarde, passei por uma criança que estava sentada num patamar mais alto junto à avenida e que se entretinha a bufar para o ar bolas de sabão que criava com um daqueles brinquedos de criança já muito conhecidos e de que me recordo da minha infância. Bufava e depois tentava agarrar uma qualquer das muitas bolas que saiam da palhinha por onde bufava. E ria-se muito pois as bolas fugiam todas à sua frente levadas pelo vento. Passei junto dela e, no momento em que me cruzei também eu com dezenas de bolas de sabão, abri os braços e coloquei as mãos em concha, parecendo apanhar com elas uma das bolas que por mim passava. Mantive as mãos fechadas como se lá tivesse guardada uma das bolas, levantei os olhos e os braços, sorri e a criança olhou para mim… e riu-se mais uma vez. Muito.
Porque não existem mais sorrisos à minha volta?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Cartas dos leitores...

     Já em Novembro de 2013 me referi aqui à pouca credibilidade que me sugere a escolha das cartas à redacção que os jornais publicam, pois o exemplo que colho no jornal "Público" leva-me a pensar que essas cartas são escolhidas ou pelo nome do remetente ou pela força do protesto que demonstram...
     Por curiosidade efectuei um apanhado das cartas publicadas no passado mês de Julho e verifiquei que das 61 cartas referidas na secção "Cartas à Directora" 22 delas se referem a apenas três autores, havendo ainda varios com 4, 3 e 2 cartas. Essas 61 cartas tiveram apenas 26 autores, quando devem ter sido centenas as cartas remetidas por leitores.
     No passado dia 4 de Agosto remeti ao Provedor do Público a seguinte missiva:
 
     "Permita-me senhor Provedor uma pequena reflexão que me foi sugerida pela leitura da resposta publicada na sua habitual coluna, no passado domingo dia 3 de Agosto corrente a um leitor, e subordinada ao tema “Cartas à Directora”.
     É uma secção que sempre me despertou alguma curiosidade e que sempre leio com atenção e, por isso mesmo, tenho notado quase sistematicamente dois factos:
1. Os autores das cartas publicadas são muito frequentemente sempre os mesmos, já há alguns meses, e essa observação faço-a pela memorização de alguns nomes tantas vezes lidos.
2. Tal facto levou-me até a desejar confirmar se essa convicção era erro meu ou mesmo verdade… pelo que me dei à curiosa tarefa de criar um pequeno mapa, que anexo, e se refere ao conjunto de “Cartas à Directora” do findo mês de Julho.
     Se tiver a gentileza de apreciar esse anexo, verificará que em 61 registos de cartas recebidas nos 27 dias (ao domingo não existe aquela secção):
- No mês de Julho foram publicadas 61 cartas de leitores mas 22 dessas cartas pertencem a apenas 3 leitores;
- Essas 22 cartas correspondem a 35% das cartas publicadas.
- Alguns outros “leitores” são escolhidos 2, 3, 4 e 5 vezes… (Esclareço que não tenho nenhuma carta enviada para publicação pelo que não serei “parte interessada” na questão…).
     Numa situação destas, não seria oportuno considerar aqueles “leitores” em colaboradores eventuais dada a regularidade da escolha dos seus escritos, e escolher outro local para a sua inserção? Quantas centenas de cartas terão sido preteridas em favor desses leitores escolhidos?
      Porque será que a grande maioria das considerações referidas nas cartas publicadas são sempre comentários negativos e críticas cerradas a factos ou pessoas, como se tudo o que ocorre merecesse sempre reprovação e nada haja a aplaudir ou incentivar? Será que a opção editorial é a de apenas considerar “quem protesta”? Ou é essa mesma a linha da direcção?
     Há mais de vinte anos que sou leitor diário do Público mas não posso deixar de registar que a linha editorial frequentemente (muito…) se coloca quase sempre numa posição pouco pluralista e muito virada para um só lado.
      Aceite os meus cumprimentos"
 
     Pois acabo de receber a seguinte resposta, que quero compartilhar com todos: 
     Prezado Leitor
   Esta sua carta (email) é efectivamente merecedora de grande atenção. Eu próprio sem ter efectuado a sua contabilidade tinha há muito esta noção. Aliás, não sei se reparou, há dias referi-me ao ssunto muito ligeiramente dizendo que há leitores que até enviam as mesmas cartas para diferentes jornais. Existe, de facto, um grupo que «cultiva» esta secção. Aliás, como acontece nos foruns de rádio ou televisão há um núcleo muito «repetente». Aliás, como deve saber, houve creio que, em Maio, um encontro entre leitores que normalmente escrevem cartas para os jornais e até enviaram para os jornais um documento sobre o assunto. Esta questão levanta outras. Por agora, escrevo-lhe por direito de resposta que tem, para agradecer-lhe os dados, e é possível que volte ao assunto.
   Cumprimentos
   O provedor, J.M. Paquete de Oliveira
 
   Este episódio trivial fez-me lembrar a teia de interesses em que todos estamos envolvidos, mesmo sem para isso contribuirmos conscientemente, nada parecendo normal ou espontâneo, sincero ou verdadeiro, mas apenas tudo se movendo em conformidade com os interesses ou intenções de terceiros, querendo moldar a nossa opinião com aquilo que melhor serve os seus interesses, económicos ou políticos.
      Refere-se que a secção "Cartas à Directora" está aberta à opinião dos leitores, (mesmo que eticamente controlada), mas depois escolhem-se a dedo os "leitores" a os "temas" de acôrdo com aquilo que a direcção pensa... Qua pluralismo! Que abertura!  

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vasco Graça Moura

A minha homenagem a VASCO DA GRAÇA MOURA

Meus amigos, reparem no fascínio e beleza destas palavras:


         No amor, regras que contem,
         Há uma só que não é vã:
         Amar hoje mais do que ontem
         Mas bem menos que amanhã

         E eu num fado que isso guarde
        Também acrescentaria
        Amo-te mais cada tarde
        Do que amei nascendo o dia

        E cada vez muito mais
        Do que antes, mas tais requintes
        São muito menos, ver vais
        Do que nos dias seguintes

        Com resultados tão plenos
        Como somar dois e dois:
        Muito mais e muito menos
        Conforme "antes" e "depois"

        No amor, regras que contem
        Há uma só que não é vã:
        Amar hoje mais do que ontem
        Mas bem menos que amanhã

                 de "Vasco Graça Moura"

quinta-feira, 17 de abril de 2014

LEITURAS . . .


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Se em alguns casos a leitura me é aprazível como entretenimento, mera distracção ou ocupação do tempo, só esse facto já deveria ser suficiente para me ser agradável. O espírito necessita por vezes de alguns intervalos ou espaços vazios para descompressão, tal como ao corpo alguns momentos de relaxe são tão necessários como os de concentração, ou meditação. Não é preciso estar sempre a procurar nos livros grandes ensinamentos ou esperar grandes e eloquentes frases, ou até esperar grandes e impressionantes histórias, ficcionadas ou não, para se ter uma opinião favorável de um livro. A mim basta-me verificar se a sua leitura foi ou não agradável, se aprendi ou não alguma coisa, se fiquei ou não enfeitiçado por um qualquer estilo ou um modo simples de dizer as coisas mais complexas, já que um modo complexo de dizer as coisas mais simples geralmente não é do meu agrado…
Tudo estará relacionado com o hábito que se tem e a forma de pensar de cada um, pelo que me tocam mais as situações que provocam uma permanente movimentação do meu raciocínio, antevendo o desenvolvimento com soluções que mais tarde concluo terem sido certas ou erradas, mas que de qualquer modo me obrigaram a pensar e tentar entrar no espírito do autor. Gosto também de imaginar o passado com as “histórias reais” de tempos idos, mais ainda sobre Portugal e o seu passado que, apesar de muito do que já li esteja sempre influenciado ou pela mentalidade do próprio autor, como é natural, ou da época em que foi escrito. Acontece até que sobre um mesmo assunto ou acontecimento podem ser publicadas versões ou pontos de vista muito diferentes. E quando é da história “real” dá para perguntar: onde está a verdade?
 Algumas biografias também têm sido interessantes, pois estando atento alguma coisa se aprende sempre com a vida do biografado. Para bem ou para mal. Por outro lado não me dão qualquer gozo as páginas das histórias muito elaboradas e ficcionadas, com tentativas de muitas emoções e muito amor… e pior ainda se estão escritas em mau português, o que não suporto.