Gosto muito de música mas não de toda a música, talvez porque sejam pouco profundos os meus conhecimentos na matéria e… muitas as minhas expectativas. Não gosto de excessos de saltos em escalas, em sonoridades ou silêncios, nem de virtuosismo apenas como resultado da técnica que nada mais nos transmite, nem conforto nem sublimidade nem beleza…
Tive oportunidade de há dias assistir a um concerto no Centro Cultural Vila Flor integrado nos Encontros Internacionais de Música de Guimarães com a denominação de “O clarinete, o piano e as cordas”, título que muita curiosidade me causou mas que veio a tornar-se para mim num espectáculo monótono e fastidioso. Me desculpem os entendidos na matéria mas, francamente, não gostei do programa, pese embora a qualidade dos autores e dos intérpretes.
No entanto, parece-me que quase todas as peças apresentadas poderão ser obras dignas de estudo para apuramento da técnica de bem tocar mas… não para uma apresentação pública de amantes da música e não especialistas!
O espectáculo iniciou-se com uma obra a solo pelo clarinetista Dominique Vidal que depois teve o acompanhamento da pianista Michiko Tsuda. Embora os intérpretes fossem muito bons, sendo evidente que o clarinete explorava virtuosamente todas as possibilidades do instrumento, o reportório não era apelativo, talvez por ser muito vanguardista (século XX), com uma rápida sucessão de registos, saltos e grande dinâmica na mudança de sons, altura e intensidade. Mas não notei melodia, harmonia, beleza. Apenas técnica e por vezes até… muita estridência.
Numa segunda parte apresentou-se um quinteto, com violinos, viola e violoncelo mas, embora reconhecendo a sua capacidade artística, até o aspecto visual do “conjunto” não ajudou pois a panorâmica era sombria e triste, parecendo quase uma récita de um estabelecimento prisional! Este quinteto optou por uma peça de Mozart mas também muito monocórdica, repetitiva nas frases e até cansativa (cerca de 30 minutos) e que, em determinada altura até causava sonolência!
Valeu, a meu ver, uma peça final interpretada a solo pelo violoncelista catalão Gaspar Cassadó e que, sem entusiasmar por aí além… foi na verdade uma notável interpretação, apesar dos setenta anos de idade do intérprete.
Em resumo, não serão espectáculos deste género que entusiasmam…
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