domingo, 6 de novembro de 2011

Deputados


Quando passo os olhos pelas bancadas da nossa Assembleia da República penso muitas vezes que nunca lá vejo alguém em quem eu tenha votado. Há umas personagens que ao longo dos anos passaram a ser figuras sempre presentes, umas caras mais ou menos conhecidas – umas por bons, outras por maus ou hilariantes motivos – com algumas movimentações regularmente combinadas ou programadas, substituições periódicas ou ocasionais mas, concretamente, sinto que a nenhuma daquelas pessoas manifestei o meu voto pelo que nenhuma delas me representa.
A verdade é que os portugueses votam em partidos e não em deputados. Quando eu voto no partido A ou B ou C eu não sei se estou a votar no candidato Z ou Z1 ou Z2, e apenas estou a endossar ao chefe do partido A ou B ou C a possibilidade de me substituir nessa escolha, sem saber se o candidato da minha preferência vai ter na respectiva lista uma posição que lhe permita a eleição.  
Em análise mais correcta eu diria que aqueles “senhores deputados” são a escolha final de meia dúzia de políticos profissionais que ascenderam à posição de chefes dos partidos da nossa cena política e que, eles sim, escolhem e decidem, em cenáculos internos e segundo interesses próprios, quem faz ou não faz parte da respectiva lista, ordenando-os em “classificações” muito discutíveis, em conformidade apenas com questões internas ou até pessoais, com interesses reservados ou conhecidos apenas das cúpulas e que portanto me ultrapassam completamente.
Porque razão na minha terra natal aparece um candidato que à terra nada diz? Porque motivo no meu distrito surge o nome de um candidato de outra região? Quais as razões porque os senhores membros das comissões (ditas) nacionais dos partidos e outros cargos dirigentes tem os seus nomes espalhados por diversos círculos, sempre em lugares previsivelmente elegíveis?

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