quinta-feira, 31 de maio de 2012

Encontro anual

Percorro um a um todos os rostos,

rebusco em suas faces uma lembrança que me faça recordar

tempos passados, uma turma, um recreio,

uma briga ou um jogo, um passeio

fora de muros de chapéu e fato preto.

Nada me ocorre.

A capela está cheia, todos cantam, todos rezam

(sem parar de conversar…) e eu só penso e me revolto

por não ter na minha mente

pelo menos um registo, um nome por quem pudesse chamar!

Desfilam no final, quase em parada,

um cumprimento vago, de que turma? de que ano?

E o frei Sabino? O Evaristo? Morreu o Frei Arlindo…

E pouco mais…

Saem apressados para o almoço no refeitório

de sempre – está pintado de novo? E isso importa?

Sobe a algazarra e até há encontrões, sem maldade,

e reparo que são todos mais novos que eu!

Apenas alguns frades mais velhotes…

sorridentes, franciscanos residentes

que já foram professores. Do meu tempo? Apenas um.

Sessenta anos passaram – eu diria que voaram…

e tudo é diferente, outros tempos

outra gente

que nada me fez recordar.

E no regresso,

pergunto-me se vale a pena voltar…

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