quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Solidão

Quem passava pelo Jardim Público, ali na Alameda, agora em grande revolução urbanística, podia verificar (se não estivesse a chover…) que normalmente por ali se encontravam muitas pessoas sentadas a ver… passar o tempo. Sobretudo homens, de postura e aspecto perfeitamente normais, já nada novos, que se juntavam em pequenos grupos ou se isolavam, pelos bancos de madeira, lendo o jornal ou envoltos nos seus pensamentos e nada fazendo, numa postura de deixar correr as horas, sem compromissos mas com feições de tristeza, alheamento, creio que talvez… com problemas de solidão! Pela hora do dia e pelo prolongar da estadia presumo que seriam reformados, por invalidez ou idade.
Noutro local do centro desta cidade de Guimarães, mais precisamente na Largo da Condessa do Juncal, também nos poucos bancos que por lá existem vêm-se a qualquer hora do dia outras pessoas, sobretudo também homens, mas de idades inferiores, com aspecto mais desleixado, já inspirando algum desconforto mas, confesso, nada vejo que possa criticar. São talvez mais… infelizes ou desprotegidos... ou viciados!
E começo a pensar como são imensas as histórias tristes que por aí se passam, de necessidade ou de isolamento, sem conforto e sem meios, de pessoas por quem passamos e logo esquecemos.
Quanto aos primeiros, talvez ao fim de uma vida inteira de trabalho tenham ganho apenas o direito de “nada fazer”, mas como seria bom que se notasse neles feições de alguma felicidade ou serenidade. Ou será que não se pode imaginar a coexistência da solidão com a felicidade? Estarei a exagerar?
Quanto aos outros, de certeza que passam necessidades e sendo assim… como poderão ser felizes?

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