terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Jornalismo infectado...

            Lembram-se do padre Garibaldi” foi uma reportagem que o jornal Público publicou no passado sábado, dia 15 de Dezembro, com o destaque de uma página inteira e subordinada ao tema “Abuso de menores”.
O jornalista Paulo Moura descarrega aí com descuidada desenvoltura um sem número de situações que lhe terão sido contadas por antigos alunos de seminários de Fundão e/ou Tortosendo, e que causam indignação e repulsa ao comum leitor, que normalmente não estará preparado para ouvir tais relatos. Foi isso que aconteceu comigo.
Acredito que aquele jornalista se tenha precavido com provas reais de tudo quanto diz ter-lhe sido contado, pois que o modo imprudente como o faz dá a entender que aqueles procedimentos eram “regra” generalizada, o que não creio de modo algum. Cheguei a pensar que o jornalista terá encoberta uma intenção de denegrir a imagem da Igreja, em geral, mas não saberei as razões porque o faria…
Torna-se evidente que os testemunhos são só de antigos alunos que para lá foram contrariados – ou porque queriam estudos para evitar a guerra no Ultramar, ou porque a mãe desejava ter um filho padre, ou por influência de um padrinho – ou de outros que foram expulsos. Não tinham portanto qualquer vocação para aquela “carreira” e portanto há que ter muita reserva quanto a eventuais afirmações que posteriormente possam ter feito.
Que credibilidade podem ter testemunhos como o de A. que “odiou o seminário desde o primeiro dia”, e diz “que havia uma disciplina rígida, com as horas para rezar que eram um choque para um rapaz habituado à liberdade do campo”? Mas porque não disciplina? “Raramente havia carne ou peixe, mas o padre vigilante víamo-lo comer bifes todos os dias”, quem acredita nisto? Ou nisto: “os padres… roubavam e levavam para o refeitório deles…”, “padres paranóicos”, “os padres tinham prazer em bater”, etc. etc. A maior parte das denúncias sobre eventuais abusos são referidas a terceiros, como M, que “conhece casos de antigos alunos”, “quarto para onde, diziam, levava os meninos… etc. etc.
Quero aqui e agora referir que eu também estudei num seminário: Colégio de Montariol, em Braga, facto de que me orgulho muito, que nunca escondi e tenho gosto em divulgar, pois foi a continuação de uma formação moral iniciada na minha família e de que me orgulho.
O modo como aquele artigo está escrito mais não é que uma tentativa de generalizar algo que poderá ter acontecido no tal seminário do Fundão ou Tortosendo mas que acredito nunca poderá ser entendido como prática corrente, como o jornalista quer fazer crer. Nem no Fundão nem em qualquer outro seminário.
Esquece o jornalista – nem uma só referência – que a preparação de um candidato a sacerdote deve ser muito cuidada, para que se formem bons sacerdotes e não (ou apenas) muitos sacerdotes, dada a missão a que estarão destinados e eles próprios irão ser objecto de permanente observação por parte de todos quantos com ele privam. Sendo assim, é certo que tem de existir desde o início da sua formação uma forte disciplina e permanente espírito de sacrifício, obediência, castidade, sacrifício, etc. etc. Quem não compreende isto não sabe o que é um sacerdote.
Quanto a desvios comportamentais há de certeza em todo o lado (e desde há séculos) seja nas escolas, no liceus, nos colégios, na vida militar, nas empresas, nas famílias e nos seminários também, mas não passarão de casos de excepção.
Tenho a sensação que há temas que se tornaram um alvo permanente de determinados jornalistas ou que pelo menos dão aso à sua permanente atenção, o que não se critica, critica-se sim a sua constante busca de sensacionalismo porque… estão na moda! Na moda porque são temas fracturantes, na moda porque são “intelectualmente de esquerda”, na moda porque chocam, na moda porque são contra a igreja, na moda porque são contra o governo, na moda porque “vendem”, na moda porque insinuam ou até atacam este e aquele, na moda porque… a intenção é ser sensacionalista!

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