“Lembram-se do padre Garibaldi” foi uma
reportagem que o jornal Público publicou no passado sábado, dia 15 de Dezembro,
com o destaque de uma página inteira e subordinada ao tema “Abuso de menores”.
O jornalista Paulo
Moura descarrega aí com descuidada desenvoltura um sem número de situações que
lhe terão sido contadas por antigos alunos de seminários de Fundão e/ou
Tortosendo, e que causam indignação e repulsa ao comum leitor, que normalmente
não estará preparado para ouvir tais relatos. Foi isso que aconteceu comigo.
Acredito que aquele
jornalista se tenha precavido com provas reais de tudo quanto diz ter-lhe sido
contado, pois que o modo imprudente como o faz dá a entender que aqueles
procedimentos eram “regra” generalizada, o que não creio de modo algum. Cheguei
a pensar que o jornalista terá encoberta uma intenção de denegrir a imagem da
Igreja, em geral, mas não saberei as razões porque o faria…
Torna-se evidente
que os testemunhos são só de antigos alunos que para lá foram contrariados – ou
porque queriam estudos para evitar a guerra no Ultramar, ou porque a mãe
desejava ter um filho padre, ou por influência de um padrinho – ou de outros que
foram expulsos. Não tinham portanto qualquer vocação para aquela “carreira” e
portanto há que ter muita reserva quanto a eventuais afirmações que
posteriormente possam ter feito.
Que credibilidade
podem ter testemunhos como o de A. que “odiou o seminário desde o primeiro
dia”, e diz “que havia uma disciplina rígida, com as horas para rezar que eram
um choque para um rapaz habituado à liberdade do campo”? Mas porque não
disciplina? “Raramente havia carne ou peixe, mas o padre vigilante víamo-lo
comer bifes todos os dias”, quem acredita nisto? Ou nisto: “os padres… roubavam
e levavam para o refeitório deles…”, “padres paranóicos”, “os padres tinham
prazer em bater”, etc. etc. A maior parte das denúncias sobre eventuais abusos são
referidas a terceiros, como M, que “conhece
casos de antigos alunos”, “quarto para onde, diziam, levava os meninos… etc. etc.
Quero aqui e agora
referir que eu também estudei num seminário: Colégio de Montariol, em Braga,
facto de que me orgulho muito, que nunca escondi e tenho gosto em divulgar,
pois foi a continuação de uma formação moral iniciada na minha família e de que
me orgulho.
O modo como aquele
artigo está escrito mais não é que uma tentativa de generalizar algo que poderá
ter acontecido no tal seminário do Fundão ou Tortosendo mas que acredito nunca
poderá ser entendido como prática corrente, como o jornalista quer fazer crer.
Nem no Fundão nem em qualquer outro seminário.
Esquece o jornalista
– nem uma só referência – que a preparação de um candidato a sacerdote deve ser
muito cuidada, para que se formem bons sacerdotes e não (ou apenas) muitos
sacerdotes, dada a missão a que estarão destinados e eles próprios irão ser
objecto de permanente observação por parte de todos quantos com ele privam.
Sendo assim, é certo que tem de existir desde o início da sua formação uma
forte disciplina e permanente espírito de sacrifício, obediência, castidade,
sacrifício, etc. etc. Quem não compreende isto não sabe o que é um sacerdote.
Quanto a desvios
comportamentais há de certeza em todo o lado (e desde há séculos) seja nas
escolas, no liceus, nos colégios, na vida militar, nas empresas, nas famílias e
nos seminários também, mas não passarão de casos de excepção.
Tenho a sensação que
há temas que se tornaram um alvo permanente de determinados jornalistas ou que pelo
menos dão aso à sua permanente atenção, o que não se critica, critica-se sim a
sua constante busca de sensacionalismo porque… estão na moda! Na moda porque
são temas fracturantes, na moda porque são “intelectualmente de esquerda”, na
moda porque chocam, na moda porque são contra a igreja, na moda porque são
contra o governo, na moda porque “vendem”, na moda porque insinuam ou até
atacam este e aquele, na moda porque… a intenção é ser sensacionalista!
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